Não julgue, tenha pena da pobre mãe ou pai cujo filho está tendo um acesso de birra.
1 – Compreenda as Emoções da Criança
Antes de tomar qualquer medida, é crucial entender o motivo por trás da birra. Geralmente, a criança pequena ainda não domina completamente a fala, e a birra pode ser uma forma de comunicação não verbal. Muitas vezes, as crianças expressam frustrações ou necessidades não atendidas através da birra. Imagine como pode ser frustrante para a criança quando ela quer dizer alguma coisa e não consegue, por exemplo: “Estou com fome” ou “Estou com sono”. Tente ser compreensiva nesta hora. A empatia e a comunicação aberta podem ajudar a criar uma conexão emocional, acalmando a criança.
2 – Mantenha a Calma
Manter a calma é fundamental ao lidar com birras. Nunca pense que a criança está fazendo birra de propósito para irritar você. Esse tipo de pensamento vai fazer você desenvolver sentimentos ruins pelo seu filho. Lembre-se que a Birra é uma forma de expressão de alguém que não consegue dizer o que está sentindo.
Estudos feitos em Portugal revelam que 20% das crianças até 2 anos tem episódios de birra pelo menos uma vez ao dia. Entre 50 e 80% faz birra pelo menos uma vez por semana.
Até os 4 anos as birras são muito normais para a maioria das crianças. Aos poucos elas vão aprendendo a se comunicar melhor, desenvolvem a fala e vão descobrindo como se expressar sem a necessidade de fazer escândalos. O papel dos pais é muito importante nessa hora, se os pais ficarem nervosos e atacarem a criança, ainda que seja verbalmente, as consequências serão traumas e adultos que tem medo de lidar com os próprios sentimentos.
Quando os adultos conseguem permanecer tranquilos, é mais provável que as crianças se acalmem mais rapidamente. Respirar fundo e manter a serenidade contribuem para um ambiente mais controlado.
3 – Estabeleça Limites Claros
Crianças se sentem mais seguras quando conhecem os limites. Explicar os motivos da proibição que causou a birra não vai fazer muito efeito no momento da crise. O ideal é que as regras sejam ditadas em momentos em que a criança está tranquila, consciente e mais capaz de compreender seus limites.
Também não é aconselhável oferecer “presentinhos” na intenção de convencer a criança a parar de dar birra. Esse comportamento vai estabelecer um “gatilho” no subconsciente que ainda está em formação e assim, seu filho vai passar a usar a birra como forma de barganha pra conseguir o que ele quer. E nem é porque ele seja “malandrinho”, na verdade é você que está implantando maus hábitos no pequeno.
Estabeleça regras claras e explique-as de maneira simples. Isso ajuda a evitar birras causadas por confusão ou falta de compreensão.
4 – Ofereça Alternativas
Proporcionar opções às crianças dá a elas um senso de controle. Em vez de dizer “não” o tempo todo, ofereça alternativas dentro daquilo que você considera aceitável. Sempre que tiver que negar algo, como brincar na cozinha, por exemplo, por ser um local perigoso, ofereça outra opção que possa agradá-lo como brincar na sala que é mais seguro. As vezes a criança nem sabe exatamente o que ela mesma quer e oferecer opções dá a ela um pouco de orientação. Isso ajuda a evitar confrontos desnecessários.
5 – Dê Poder de Escolha
Permita que as crianças tenham algum controle sobre suas decisões. Tomar pequenas decisões ajuda a criança a se desenvolver intelectualmente e se tornar mais responsável. Isso pode incluir escolher a roupa que desejam vestir ou decidir entre duas opções de lanches. Explique as vantagens, desvantagens e características de cada opção e permita que ela decida. O poder de escolha reduz a resistência e melhora a cooperação.
6 – Estabeleça uma Rotina Consistente
As crianças prosperam em rotinas consistentes. Saber o que esperar em diferentes momentos do dia proporciona segurança emocional. Crie uma rotina e siga á risca. Mesmo que não tenha muita noção de horários, a rotina ajuda a criança a compreender, por exemplo, que depois do jantar é hora de se preparar pra dormir. Mas se ela dorme cada noite em um horário diferente não haverá argumentos para convencê-la a ir pra a cama na hora que você quiser. O mesmo serve para os horários de refeições e do banho. Crianças se adaptam bem á rotinas e depois de um certo tempo passam a fazer tudo no automático, sem sofrimentos e sem birra. Uma rotina estruturada pode minimizar situações que levam a birras.
7 – Recompensas e Reforço Positivo
Incentive comportamentos desejados através de recompensas e reforço positivo. Mas não confunda as recompensas com aqueles presentinhos que você dá somente pra fazer a criança parar de chorar. A diferença é que a recompensa só é dada quando a criança fez algo para merecer como, por exemplo, guardar todos os brinquedos ou aprender alguma coisa nova. Celebre as conquistas da criança, criando um ambiente mais positivo e encorajador.
8 – Esteja Atento ás Necessidades Básicas
Muitas birras têm origem em necessidades básicas não atendidas, como fome, sono ou desconforto físico. Crianças pequenas ficam irritadas quando estão com fome ou com sono, ou com qualquer coisa incomodando.
Certa vez meu neto chorou um dia inteiro, se jogou no chão, recusou água e comida, ficou nervoso quando tentamos dar qualquer coisa pra ele. Checamos a fralda, demos banho com ele gritando e esperneando, oferecemos até mamadeira, mas ele só chorava e se contorcia parecendo que estava muito nervoso. Minha filha e eu já estávamos prontas pra levá-lo ao pediatra quando ela pensou em ver se havia algum dentinho nascendo e quando colocou o dedo na boca dele encontrou uma casca de pêssego grudada no céu da boca. Assim que a casca foi removida ele mamou e dormiu o resto da tarde.
Se você não sabe exatamente qual o motivo da birra cheque tudo: Olhe a fralda, verifique se não tem alguma coisa espetando como etiquetas, espinho na roupa, algum bichinho que possa ter picado. Pense também na possibilidade de sono ou fome.
Certifique-se de que a criança esteja bem alimentada e descansada para evitar situações desnecessárias.
9 – Use o Humor
Na maioria das vezes a criança pequena não compreende muitas explicações e broncas, ficar preso ao motivo da birra só vai aumentar o tempo de estresse. Às vezes, uma abordagem leve pode quebrar a tensão. Faça alguma brincadeirinha que leve a criança a sorrir. Mas lembre-se de usar o humor pra desviar a atenção do problema, nunca pra debochar do comportamento da criança. Não deixe ela pensar que você não se importa com os sentimentos dela. Crianças que estão sofrendo deboche podem ficar ainda mais agressivas como mecanismo de defesa.
Faça a criança esquecer o motivo da birra. Você pode usar musiquinhas, danças, fantoches e outros brinquedos para distrair e acalmar no momento da birra. Crianças que são criadas com humor crescem mais felizes e se tornam adultos divertidos.
Use o humor para desviar a atenção da birra e criar um ambiente mais descontraído.
10 – Ensine Habilidades de Comunicação
Crianças pequenas podem ter dificuldade em expressar suas emoções verbalmente. No momento da birra acolha, abrace seu filho e verbalize os sentimentos que ele tem e não consegue falar: “Você ficou triste porque queria brincar mais?” ou “Você queria entrar na piscina?” ou ainda “Você quer ir pra casa?”. Mas acolher não significa que você vai ceder e fazer a vontade da criança, termine as frases sempre dizendo “Eu entendo”, mas não volte atrás, isso seria um retrocesso e a longo prazo faz você se tornar refém das birras.
Se a criança já sabe falar você pode perguntar abertamente qual é o problema. Faça isso com muita calma, mantenha o tom de voz suave para que ela compreenda que não está levando uma “bronca”. Apenas pergunte “O que foi?” ou “Porque você está chorando?”. Isso vai fazer a criança raciocinar por um tempo e avaliar se realmente vale a pena todo o escândalo ajudando no desenvolvimento da capacidade cognitiva.
Incentive o desenvolvimento da linguagem e ensine-as a comunicar suas necessidades de maneira adequada.
Conclusão
Lidar com birras infantis é desafiador, mas é possível superar esses momentos com paciência, compreensão e estratégias eficazes. Ao adotar abordagens que promovem a comunicação, o respeito mútuo e a compreensão das necessidades da criança, os pais e cuidadores podem criar um ambiente mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento saudável da criança e fortalecendo os laços familiares.
Bibliografia
- https://institutoneurosaber.com.br/como-a-neurociencia-explica-a-birra-infantil/
- https://super.abril.com.br/comportamento/a-ciencia-contra-a-birra/
